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Céu.

janeiro 31, 2011

Em meus sonhos, era assim:

“Eu deixava de respirar. A escuridão consumia a vista e o silêncio me cercava. Depois deste Vale da Sombra, começava a ascensão. Primeiro vinha a Grande Luz, no alto de uma escada rolante interminável, onde Milhares de outros crentes enfileirados seguiam lentamente rumo ao Céu. Os Portões Dourados, Anjos subindo e descendo, estava tudo lá. O som agudo de Trombetas produzia uma música harmoniosa com aquele ambiente de contemplação. No fim da subida, milhares se reuniam às portas da Morada Eterna para ouvir, como num grande show, uma Grave Voz dizer “Venham, benditos de meu pai. Entrem”. Entrávamos pelos portões cantando e lá estava o Paraíso: Algo Indisível, Inimaginável, Indescritível, de modo que a narração se encerra aqui”.

Amadureci. Meus sonhos amadureceram também. Percebi que aquela minha projeção da “Glória Final” possuia algumas falhas as quais não vou me ater, porque talvez eu atinja o sonho de mais alguém. Só me resta então, em poucas palavras, contar como é o sonho agora, que até mudou de nome, passando a se chamar “Finalmente, o Encontro”. Vejamos:

“Abro os olhos. Nem percebi que havia Adormecido. Apesar de o lugar parecer diferente, não me é estranho. Apesar de saber que faz muito tempo que estive ali, sei que Conheço bem aquele lugar. Aquela cama costumava ser minha, assim como o quarto iluminado pela Estrela da Manhã e o aroma de Pão Nosso de cada Dia do café. Enquanto suspiro profundamente e sinto-me mais Vivo do que nunca, ouço alguém à porta do meu quarto, esperando o convite para entrar. Meu coração, surpreendentemente emocionado, está à beira de matar uma Saudade enorme de alguém. Convido-o. Então ele surge pela entrada. Meus olhos confirmam uma Certeza antiga de que ele estaria me esperando: Jesus. Ele diz:

– Bem-vindo de volta! E sorri. – Mesmo sabendo a resposta, pergunto:

– Onde estou? – Ainda digerindo a informação e sem conter a Satisfação plena. Ele olha em volta como quem demonstra algo óbvio e triunfante e responde, com alegria:

– Onde mais? Você está em Casa!

Profundamente, então, eu sei que é Verdade. Estou em Casa. E este é o meu “Céu”.

Jesus de Poucos.

janeiro 26, 2011

“Sabendo Jesus que haviam de vir arrebatá-lo, para o fazerem rei, 

retirou-se”.

Não é uma flagrante contradição? Não só de todo um propósito que pretendia o cristianismo em seus primeiros dias, de captar adeptos, mas também a toda uma sistemática religiosa, midiática, iconoclasta, dos grandes ajuntamentos de hoje? A fé por atacado não se harmoniza com este pequeno fragmento narrativo esquecido por muitos na história de Jesus. Assim como tantas outras ocasiões em que Ele mesmo realizava milagres e dizia, para a surpresa de quem lê, “não revele isto a ninguém, ainda não é a hora”. Nos parece contraditório porque pra nós todo milagre deve ser divulgado, não é verdade? Assim como todo bom conselheiro deve almejar, como realização máxima do seu propósito de existência, atingir as multidões, as grandes massas.

Partindo desse pressuposto que eu comecei a minha pesquisa pela vida de Jesus, esperando encontrar relatos sobre um líder religioso que reunisse consigo todo um sindicato de seguidores fiéis e determinados, bem treinados, influentes. Uns 100. Mas sua história me surpreende: ele escolhe doze. Anônimos doze. A resposta razoável para este comportamento pouco estratégico para um “militante político-religioso” é que Jesus não iria simplesmente captar pessoas, seduzí-las com Ideologia. Ele estava interessado em alterar profundamente seu modo de vida. E ele iria atingir a humanidade através de poucos.

Também imaginei que, diante da máxima “Deus é para todos”, ele jamais iria se negar a atender pedidos, o que poderia certamente prejudicar sua “campanha filosófica particular”. Que jamais iria impor condições a seus seguidores, que em hipótese alguma deixaria de expor suas convicções quando houvesse boa ocasião, e dizendo da forma mais clara possível: que nunca dispensaria ninguém.  Mas o que é aquilo que encontramos nos livros? Jesus dizendo “Quer me seguir? Negue-se!”, deixando de curar a muitos (por falta de fé?), ou sendo enfático com seus poucos discípulos remanescentes ao perguntar “E vocês? Também não vão partir?” numa clara confissão de que Ele não era quem a grande maioria esperava que fosse (um reformador, um conquistador), e a mais surpreende e exasperadora falha estratégica do “mestre dos mestres” diante da possibilidade de ser inocentado por Pilatos das acusações que o levaram à morte: seu silêncio.  

A contradição era tão grande, tão profundamente evidente com este Cristianismo que está aí, que percebi formarem-se dois polos opostos: O de Jesus. E o estranho a ele. Porque Jesus, aquele homem intensamente tomado pela presença de Deus, ele era de poucos. Apesar de ensinar a multidões (que o buscavam, não o contrário), Ele se detinha e atendia realidades individuais que passariam despercebidos pelos outros. Veja a mulher do fluxo de sangue, o cego bartimeu, Zaqueu, a mulher flagrada em adultério, a mulher samaritana, e tantos outros.

Jesus não fazia distinções nem tinha preconceitos. O que o tornava A TODOS ACESSÍVEL. Mas ele não via a humanidade como um todo, nem pretendia desenvolver um relacionamento midiático, impessoal, com seus seguidores. Ele deixou uma marca: o amor ao próximo. Literalmente. E assim ele amou tão intensamente aqueles homens a quem escolheu que deu a sua vida por eles, e em consequência por todo o gênero. Mas não amou o gênero, amou a pessoas reais, com nome, personalidade e histórias próprias. Assim, não foi preciso que ele ressucitasse diante dos olhos de todos, que fosse proclamado rei sobre os Judeus ou mesmo sobre o Império Romano, nem que seus milagres fossem divulgados “ao vivo”. Aquelas experiências pessoais foram provas de amor pessoal. E só nos ensinam que amar a Deus não é buscar uma experiência coletiva com Ele, mas buscá-lo com intimidade.

Ficamos com o toque, a atenção e a presença de Jesus, que importava-se em “cear” com aqueles que amava. Não multidões para seguí-lo, apertá-lo, assediá-lo, mas companheiros de Barco, com quem se poderia rir, chorar, crescer, viver.

E como um pouco de fermento atinge toda a massa,

pouco a pouco,

Ele conquistou com amor o mundo inteiro.

Lei da Esperança.

janeiro 26, 2011

O sentimento geral é de descrédito. Não que a maldade esteja generalizada na sociedade, mas porque no fundo as pessoas carecem de um ânimo firme, que se mantenha inabalado em seus referenciais quando sob pressão. Em um mundo esvaziado da verdade da Fé, elas são voláteis, frágeis e pessimistas. Mas quando, finalmente, você é bem sucedido, elas te parabenizam. E sinceramente. Por mais que pareça um comportamento ambíguo, não é assim.

Quando você é bem sucedido em algo que as pessoas não acreditavam que fosse possível, você se torna para elas esperança. Ressurge a chama do “ainda é possível”, do “Deus existe”. Elas passam a crer.

Para com as pessoas que amamos, contudo, acontece de modo diferente. Porque elas crêem desde o início? Porque incentivam sempre e, mesmo que você falhe mil vezes, ainda será digno de seu apoio e  conforto? Este é um dos atributos do amor: a esperança. Quem ama, crê. E por isso que amar a Deus é também uma forma de esperança que nos salva das perspectivas limitadas deste mundo e nos faz ver a existência com otimismo. Esperança do que está por vir e do que pode ser feito. E da mesma forma Deus nos sustenta. Não por erros ou acertos, mas pela sua misericórdia, que nada mais é do que uma PERMANENTE NOVA CHANCE, baseada na esperança que Deus sempre depositará no que há de melhor em nós . Para Deus não há casos perdidos.  Sua palavra diz que “o mundo aguarda a tão esperada manifestação da virtude dos filhos de Deus”. Ele nos ama. E o amor tem dessas coisas.

Existem metas realmente difíceis de alcançar: “Sejam perfeitos”, “não devolvam o mal com o mal, antes dêem a outra face”, “amem seus inimigos”, “dêem sua vida pelos seus amigos”. Vencendo naquilo que outros dizem impossível, provamos nossas convicções e nos tornamos veículos de esperança (uma espécie de Fé ambulante) para os que ainda estão em dúvida sobre a existência de Deus e suas reais intenções para conosco.

Esta é a verdade sobre Deus e sua lei da vida: Ele tudo crê, tudo suporta e a todos nós espera.